sábado, 27 de fevereiro de 2010

Cântigo da Esperança

Não peça eu nunca
para me ver livre de perigos,
mas coragem para afrontá-los.

Não queira eu
que se apaguem as minhas dores,
mas saiba dominá-las
no meu coração.

Não procure eu amigos
no campo de batalha da vida,
mas ter forças dentro de mim.

Não deseje eu ansiosamente
ser salvo,
mas ter esperança
para conquistar pacientemente
a minha liberdade.

Não seja eu tão cobarde, Senhor,
que deseje a tua misericórdia
no meu triunfo,
mas apertar a tua mão
no meu fracasso!

Rabindranath Tagore, in "O coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Esperança


Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

Mário Quintana

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Mandalas

Mandala, palavra sânscrita que significa essência, circulo ou circunferência, totalidade. É um símbolo espiritual e sagrado de busca de plenitude, auxiliar à meditação e harmonia, é a representação icónica dos princípios base da geometria sagrada, sendo esta a forma ordenada da criação.
Mandalas são centros de energia que permitem equilibrar, purificar e transmutar o mundo externo e interno, ou seja, são eficazes no desenvolvimento espiritual, pessoal, promovendo a cura, a harmonização de pessoas e ambientes.
É geralmente descrita como uma figura geométrica representada por um círculo sobre um quadrado ou vice-versa, mas pode ser também construída ou desenhada em forma de um círculo, um quadrado ou um rectângulo, subdividido por quatro ou múltiplos de quatro, de maneira mais ou menos regular, incluindo-se ou não outras formas. A sua característica mais importante é o seu traçado feito em torno de um centro, geralmente obedecendo a eixos de simetria e pontos cardeais. O seu contorno exterior não é forçosamente circular, mas dá a ideia de irradiar-se de um centro ou mover-se em direção a ele. Por isto, quando uma pessoa observa uma mandala tem a sensação de que ela se move e pulsa.
Os monges budistas desenhavam mandalas de areia, que depois eram oferecidas a divindades ou pintavam mandalas na seda, as famosas Thankas tibetanas, onde a figura central é quase sempre um dos Budas, representando passagens de suas vidas ou o caminho do discípulo para alcançar sua realização, como a Mandala dos Quatro Budas, a da Roda do Sansara e a Mandala Kalachakra.
Na área da terapia, foi Jung quem trouxe as mandalas para os consultórios. Pintou a sua primeira mandala em 1916, os seus primeiros desenhos eram somente desenhos circulares e sem significado, até ter observado que existia um padrão nas suas mandalas. Hoje em dia a mandala é usada na psicologia junguiana e transpessoal e por terapeutas que trabalham com desenvolvimento pessoal.
Qualquer pessoa pode trabalhar com mandalas, tanto com a ajuda de um terapeuta, como sozinho. Se optar por trabalhar sozinho, pode colorir mandalas ou desenhar mandalas pessoais, geométricas ou mistas, e ainda meditar com uma mandala que lhe seja atraente. Jung diz que “a mandala possui uma eficácia dupla: conservar a ordem psíquica se já existe e restabelecê-la, se desapareceu. Nesse último caso, exerce uma função estimulante e criadora”. Trabalhar com mandalas promove relaxamento psicofísico pela postura ao desenhar, pela contemplação, e pela meditação que o próprio fazer proporciona. Desenvolve o centramento, a atenção, concentração, percepção e a intuição.
Energeticamente as mandalas activam e irradiam, podendo harmonizar ambientes físicos ou pessoas que estejam carregados negativamente ou com uma aura de sofrimento e tristeza, por isso podem ser usadas na decoração de ambientes, na arquitetura, ou como instrumento para o desenvolvimento pessoal e espiritual. Também podemos utilizar uma mandala para a cura de ambientes, como o familiar e o de trabalho, ou para preparar um espaço especial, onde se irá meditar ou fazer sessões de massagens, Reiki...
Mandala Tibetana